O preto e o cinza
marcam a Geração Coca-Cola
Com mais de 480 mil espectadores em apenas 2 semanas de
exibição nos cinemas de todo o Brasil, o filme “Somos tão Jovens” direção de
Marcos Bernstein, e tendo Thiago Mendonça no papel Principal já é um dos mais
assistidos do ano. O filme conta a história de Renato Manfredini Jr. Um garoto
tímido, complexado e que em sua trajetória se tornou o mito Renato Russo. A historia se passa nos anos 80 em Brasília e
traz uma nova leitura (Renato Russo já foi homenageado no programa “Por toda a
minha Vida” da Rede Globo”) da emocionante e desafiadora história dessa
transformação, mostrando uma juventude que no final da ditadura, consegue se
posicionar diante da situação de mudança política e histórica porque passa o país
e toda a situação de caos e falta
de oportunidades para os jovens presos em selvas de concreto e asfalto.
Renato Russo consegue com suas letras e canções como ‘Que País é Este’, ‘Música Urbana’, ‘Geração Coca-Cola’, ‘Eduardo e Mônica’ e ‘Faroeste Caboclo’, não só transformá-las em verdadeiros hinos da juventude urbana dos anos 80 como dar voz a essa juventude que até então não era ouvida. Músicas essas que continuam a ser cultuadas geração após geração por uma crescente legião de jovens fãs.
Nem
só de neon e new wave viveu a década de 80
Uma juventude pensante recém-saída
da ditadura borbulhava de pensamentos revolucionários e críticos.
Na direção contrária das
cores fortes, o preto e o cinza tomavam conta das ruas da capital do país,era o
rock de Brasília com suas letras fortes e marcantes, Renato Russo e Cia.,
viriam trazer um “mundo novo" jovem e revolucionário “a virada dos anos
80”. A juventude bradava por
novidades, gritava por liberdade e a Legião Urbana e sua "Geração
Coca-Cola" viria a ser o ponto auge dessa revolução e letras como Tempo Perdido,
Índios e Geração Coca-Cola era o grito abafado na garganta que a juventude
tanto queria soltar, não só na música, como no comportamento.
Indo contra a maré da moda
color block e da estética da magreza e culto ao corpo, que vinha dos EUA, os
jovens e sua revolução usavam preto e cinza, camisas de malha largas e com
estampas de bandas e caveiras e jeans surrados e rasgados, trazendo a marca de
quem estava de luto e contra o pensamento ditatorial e ante liberdade que tanto
necessitava o frescor da juventude.
Das paredes cinza do
concreto e do peto do asfalto uma cidade que nasceu planejada e tinha tudo pra
dar certo, mas que se esqueceu do seu futuro. Sem ter com o que se divertir, a
galera jovem rock in roll buscava nas músicas de Renato Russo uma forma de
gritar “Somos Jovens” precisamos de diversão estamos aqui, olhem pra nós.
Nunca até então alguém
conseguia traduzir em palavras as angústias, anseios e desejos da juventude de
maneira tão real e absoluta como Renato. Suas letras são atemporais e falam de
amor, política, descaso de maneira poética e clara.
E nos últimos anos, devido as mudanças de milênio e as mudanças políticas,
como um partido de esquerda que assumiu o Poder, um metalúrgico semianalfabeto que
vira Presidente e em seguida uma mulher chega ao cargo mais importante do país,
sem contar as grandes revelações de corrupção que a nova geração tem que
encarar temos circulado por um período de nostalgia, não é difícil encontrar as
famosas festas Ploc´s com decoração e músicas ambientadas pela década de 80 que
vem trazendo esse frescor jovem e transgressor. A vontade de gritar novamente e
dizer que estamos de olho e que não somos manipuláveis surge na garganta.
E nesse momento eis que novamente aparece ele, Renato Russo e sua Legião
de Fãs que já chegaram a 200.000 acessos nas páginas sociais do filme trazendo
suas letras fortes e marcantes com 2 filmes e um terceiro em fase de conclusão
que além de fazer alusão ao artista traz também uma visão crítica, social e
política sobre a situação porque passam hoje o povo brasileiro, descaso com a
educação, a saúde, a violência etc., ele é uma luz no fim do túnel, a voz que
clama no deserto, trazendo a verdade que todo mundo queria dizer mas não sabia
como.
E assim nesse universo a
década de 80 se firma como uma das mais produtivas e revolucionárias em termos
de atitude dos jovens, depois de Roberto Carlos e a sua Jovem Guarda, os jovens
dos anos 80 também tinham um Rei e esse rei era sem dúvida Renato Russo.
Por Giane Pontes